O Rabino Ortodoxo Daniel
Lapin, conhecido nacionalmente nos Estados Unidos como consultor e comentarista
político tendo sido assessor do ex presidente Bush, em sua obra “Thou Shall
Prosper : Ten Commandments for Making Money” estabelece instigante relação
entre o Velho Testamento e práticas atuais de negócios.
No início da obra ele
explica que seu propósito é transmitir a pessoas de outros credos a sabedoria
derivada do Talmude (*) que auxilia inúmeros judeus a alcançarem sucesso nos
negócios.
Ele admite que a crença
de que os judeus são cultural e geneticamente bons no trato do dinheiro alimenta
muito o anti-semitismo e derruba os mitos dessa tese com fortes argumentos.
Comenta também sobre os
negócios serem capazes de mitigar muitos dos males e sofrimentos que assolam
muitas regiões miseráveis o que incomodou alguns setores da esquerda. Destaca
ainda que o capitalismo, independente das iniqüidades e gritantes casos de
corrupção, é o meio de propiciar melhores condições de vida para maior número
de pessoas.
Mas o que mais chamou
nossa atenção nessa obra foi, em primeiro lugar, a construção da tese que ele
desenvolve explicando que o “judaísmo lega riqueza a seus seguidores por transmitir entusiasmo moral aos homens de
negócios”. Isso dá força a nossa tese que o lucro não é mal, ao contrário é
bom e necessário, e tem sua justificativa ética nos riscos inerentes aos
negócios.
O outro ponto
fundamental é quando Lapin, reportando a interpretações de velhos Rabinos das
metáforas contidas em Deuteronômios 33:18/19, relembra a seus leitores que
Moises abençoou Zevulun(**), há milhares de anos atrás, informando-lhe que ele
estava destinado a liderar as crianças de Israel nas áreas de negócios e
comércio. Para fazer isso Moises recomendou que ele saísse da zona de conforto
e se adaptasse às realidades das mudanças.
“A lição era estar
sempre preparado para as mudanças” disse Lapin. “Espere pelo inesperado,
planeje com esse fato e lucre no processo. Nas áreas relacionadas com geração
de riqueza, nunca, mas nunca mesmo, espere que o “status quo” seja mantido”.
No
capítulo que trata da benção de Zevulun, Lapin destaca o mandamento “Mude
constantemente o mutável e agarre firmemente o imutável”. Essa benção liga Zevulun
a seu irmão Issachar como destacado no versículo “Alegre-se, oh Zevulun nas
suas partidas, e Issachar em suas tendas” (Dt 33:18). Enquanto à Zevulun cabia a geração de
riquezas, à Issachar cabia a firmeza e estabilidade, a guarda e acesso aos princípios
morais e filosóficos sem os quais os esforços de Zevulun de nada adiantariam.
Numa visão
contemporânea, em termos práticos, a mensagem é: negócios privados,
governamentais ou outras organizações, para prosperarem em longo prazo, devem
ser capazes de se antecipar às mudanças adaptando-se a elas e, ao mesmo tempo,
apegando-se firmemente a seus valores básicos. Este seria o primeiro mandamento
de Lapin.
Os outros nove são:
·
Acredite na dignidade e moralidade dos
negócios;
·
Amplie seu network com o máximo de
contatos;
·
Procure se conhecer;
·
Não persiga a perfeição;
·
Conduza seus negócios de forma constante
e consistente;
·
Aprenda a prever o futuro;
·
Respeite seu dinheiro;
·
Aja como rico, abra mão de 10% de seus
rendimentos depois do IR;
·
Nunca se aposente.
Essa obra de Lapin foi
considerada muito provocativa (“thought-provoking”), mas nós que lidamos e
conduzimos mudanças no nosso dia-a-dia não podemos deixar de considerá-la como
Tema de Meditação.
Vale à pena refletir
sobre esses conceitos.
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(*) Talmude é o livro
sagrado dos judeus que sumariza 40 gerações da tradição oral do Torá e contém
as discussões rabínicas sobre a lei, ética, costumes e história do judaísmo.
(**) Zevulun e Issachar
duas das doze tribos de Israel.
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1 - Thou Shall
Prosper: Ten Commandments for Making Money - Rabbi Daniel Lapin John Wiley & Sons. $24.95
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