sábado, 20 de setembro de 2014

PLANEJE MELHOR E NÃO PRORROGUE PRAZOS

No mundo dos negócios, em que inapelavelmente todos vivemos, há constante pressão por cumprimento de metas e prazos e não há como fugir dessa realidade.
O ser humano, e em especial o brasileiro, tem tendência a procrastinar demais, basta ver a movimentação de última hora para entrega de declarações de renda, só para citarmos um evento que afeta milhões de pessoas e cuja pressão no limite do prazo fatal é pública e notória, ano após ano. Todos se lembram da correria de última hora para conclusão das obras da copa (embora nesses casos tenha havido influência de fatores de outras naturezas) e qualquer um que refletir bem vai recordar que aqui ou ali já procrastinou (o aqui e ali é para ser bem condescendente).
Com essa característica, quem é responsável por fazer as coisas acontecerem deve ficar atento ao cumprimento de prazos.
Heidi Grant Halvorson (*), escritora e palestrante americana, em um post em seu blog em meados de 2013, defendeu a tese que prorrogar prazos estimula a procrastinação e vale compartilhar sua linha de raciocínio pela recorrência do tema e credenciais da autora.
Ela argumenta baseada em pesquisas (embora não cite a fonte) que passada a sensação de alivio pela extensão dos prazos as pessoas têm enorme dificuldade em utilizar o tempo adicional com sabedoria e logo voltam a enfrentar o mesmo problema de pressão, de stress, de sensação urgência e ansiedade, só que aí já se perdeu o tempo ganho sem alcançar o objetivo projetado.
Questiona o porquê alongar cronogramas se perde tempo e cria problemas como, por exemplo, a perda de motivação. Justifica a afirmativa com conclusão de psicólogos do inicio de século passado que indicam que a motivação aumenta à medida que a distancia para alcançar a meta diminui. Isso ocorre no nível inconsciente e essa afirmação é verdadeira qualquer que seja o objetivo a ser alcançado e eu pessoalmente experimento essa sensação quando em minhas participações em meias maratonas sinto que ao aproximar da linha de chegada a motivação alcança o nível muito superior. Quando você alonga o prazo aumenta a distância da linha de chegada, a atenção perde o foco e há o risco de surgirem outras prioridades.
Outro problema que aponta é que o alongamento de prazo tira a pressão e estimula a procrastinação. Procrastinadores, até de forma inconsciente, argumentam que trabalham melhor sobre pressão.  Heidi Grant contesta essa posição, ninguém trabalha melhor sobre pressão. Isso não faz sentido algum. Na realidade a “pressão” a que se referem é aquele tempo suficiente para completarem a tarefa. Ou seja, se tiver pressão trabalham caso contrário não.
Um terceiro problema é a dificuldade de se avaliar o tempo necessário para fazer qualquer coisa. Os psicólogos definem esse fato como falácia de planejamento, isso pela tendência generalizada de se subestimar o tempo necessário para fazer o que precisa ser feito e também pela crença de que tudo vai dar certo e que imprevistos não vão ocorrer. Com frequência os tempos para completar tarefas intermediárias, e os possíveis atrasos nessas fases, também não são corretamente avaliados. Em consequências os cronogramas ficam condicionados aos melhores cenários que quase nunca ocorrem.  
Pense bem, se tudo isso é conhecido e traduz a realidade, não prorrogue prazos, planeje melhor!
Para isso, defina claramente as metas a serem atingidas e estabeleça metas intermediárias em prazos mais curtos para manter a motivação e facilitar os controles.
Na fase de planejamento identifique todos os problemas fundamentais a serem superados e analise suas causas e fatores que possam afetar a execução. Considere também possíveis cenários mais desfavoráveis e seus efeitos.
Coloque o plano em prática envolvendo todos os participantes da ação nos mínimos detalhes no âmbito de suas responsabilidades e estimule ao máximo o trabalho em equipe de modo que todos colaborem para que as metas individuais sejam alcançadas.
Acompanhe a execução das ações planejadas e faça com que as metas intermediárias sejam atingidas nos prazos definidos.
Introduza as correções que forem necessárias e padronize todas as operações.
A prática continuada dessa ação resultara na formação de profissionais de alto desempenho com capacidade de trabalhar em equipe, de definir prioridades, de consolidar a consciência organizacional e de agir proativamente e prorrogação de prazos e metas não alcançadas não farão parte de suas preocupações fundamentais.


(*) Heidi Grant Halvorson, PhD, é diretora do “Motivation Science Center” na Universidade de Columbia, palestrante e autora de livros de gestão de projetos, motivação e foco.