segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

A CRISE, VALORES E ATITUDES.

Meu propósito não é analisar a maior crise que o Brasil está vivendo em sua história. Crise moral, ética, trazida a luz pelas investigações da Lava Jato, e seus desdobramentos, que expuseram à exaustão a pilhagem dos cofres públicos por quadrilhas formadas pela classe política, com cumplicidade de todos os poderes, independente de filiação partidária, que se apropriaram do poder e exerceram de forma sistêmica processo de corrupção que arrasou as contas públicas, lavando ao colapso do Estado em detrimento da prestação de serviços básicos de saúde, educação segurança, infraestrutura tudo com o objetivo de perpetuação no poder e enriquecimento inimaginável.

O saldo da ação criminosa, que não pode passar impune, doe a quem doer, é a total falência do Estado e que, no meu entender, tem suas faces mais cruéis na formação de contingente de 38% de formados em universidade que são analfabetos funcionais no sentido da incapacidade de entenderem os textos que leem e nem realizarem as operações matemáticas básicas e na banalização da corrupção desenfreada.

A produtividade nacional é ridícula e é o reflexo desse quadro de desmando e da falta de competição endêmica provocada pelo jogo de cartas marcadas que foi institucionalizado na última década.
A crise é real, milhões de brasileiros perderem seus empregos e outros tantos foram lançados muito abaixo dos limites da pobreza total.

Minha motivação para postar esse texto é a crença inabalável de que é gente que faz acontecer e que milhões de brasileiros, que foram formados sob o primado de valores imutáveis de trabalho, dedicação, disciplina, compromisso, honestidade, respeito as pessoas e fé, continuam a trabalhar aumentando suas competências em consequência do enfrentamento de problemas, independentemente da situação de crise que ameaça a todos.

Essas virtudes irão prevalecer sobre os interesse dos quadrilheiros sem ética e seus cúmplices e apoiadores que não têm como negar a materialidade das malas de dinheiro de propinas e muitos milhões de Reais, e outros bens, apreendidos e identificados, que afrontam a sociedade brasileira. A Lava Jato segue implacável e há segmentos poderosos da sociedade que estão vigilantes e não permitirão que a impunidade prevaleça sinalizando para os jovens brasileiros que o crime compensa.

A reversão da crise virá em decorrência de nossas atitudes pessoais em relação a ela e posição de enfrentamento das forças que a geraram. As atitudes farão toda a diferença!

Victor Frankl (*) neurologista e psicanalista austríaco sobrevivente dos centros de extermínio de Judeus, Auschwitz e Dachau, no seu período de prisioneiro nesses campos, descreveu que quando todos os objetivos comum da vida estavam desfeitos só restava a “última liberdade humana- a capacidade de escolher a atitude pessoal que se assume diante de determinado conjunto de circunstâncias”

Charles Swindoll (**) pastor evangélico americano (Outubro de 1934 - ) em seu poema Atitude dá a melhor definição do impacto da atitude na vida: “.... Atitude para mim é mais importante que fatos. É mais importante do que o passado, que a educação, que o dinheiro, que as circunstâncias, que o fracasso, do que os outros pensam, dizem ou fazem. É mais importante que a aparência, dom ou habilidade. Ela fará prosperar ou ruir uma empresa, uma igreja... uma casa. O extraordinário é que todos os dias temos a chance de escolher como vamos encarar aquele dia. Não podemos mudar o fato de que as pessoas reagirão de determinada maneira. Não podemos mudar o inevitável. A única coisa que podemos fazer é continuar no único caminho que temos; esta é a nossa atitude. Estou convencido que a vida é 10% o que acontece comigo e 90% como reajo a isso. E assim é com você... estamos no comando das nossas atitudes”.

Com exceção de uns poucos exemplos que cresceram nessa crise, quase todos foram alcançados, com maior ou menor intensidade, por seus efeitos cruéis. Mas esse enorme contingente de brasileiros que preservaram os valores fundamentais, ainda que não tenham condições de mudar esse sistema corrupto, medíocre e injusto, haverão de lidar com essas perdas sem assumir a postura de vítimas, sem revolta, sem jogar a culpa em terceiros.

Cada um, entendendo que os problemas que está enfrentando deram a possibilidade de grande crescimento, precisa levantar, no âmbito de sua atuação, os erros cometidos, entender porque ocorreram e quais suas consequências na intensidade dos reflexos da crise que lhe atingiram pessoalmente.

Aí sim, a compreensão dos problemas, seu enfrentamento e superação, ou pelo menos a redução dos “danos colaterais”, terá propiciado grande aprendizado com significativo impacto nas suas competências. O resultado positivo de situação negativa!

A partir daí cumpre tomar a atitude de assumir sua responsabilidade pessoal continuando a trabalhar seguindo valores éticos, acumulando mais experiência e conhecimentos que certamente o levarão a alcançar o sucesso.

Dissertando sobre o tema sucesso, Viktor Frankl, diz: “Sucesso, como a felicidade, não pode ser perseguido, ele deve acontecer, e só tem lugar como efeito colateral de dedicação pessoal a uma causa maior que a pessoa, ou como subproduto da rendição pessoal a outro ser. A felicidade deve acontecer naturalmente, e o mesmo ocorre com o sucesso; vocês precisam deixa-lo acontecer não se preocupando com ele. Quero que vocês escutem o que sua consciência diz que devem fazer e coloquem-no em prática da melhor maneira possível. E então verão que alongo prazo – estou dizendo a longo prazo! - o sucesso vai persegui-los, precisamente porque vocês esqueceram de pensar nele”.

Que venha 2018!
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Fontes
(*) Viktor Frankl – Em Busca de Um Sentido: Um Psicólogo no Campo de Concentração – Editora Vozes – Já citado aqui neste Blog
(**) Charles Swindoll  ( 18 Outubro 1934 -   ) – Pastor Evangélico Americano, autor, radialista e educador comanda um programa de rádio que vai ao ar em 15 idiomas e mais de 2.000 estações ao redor do mundo ( inclusive no Brasil – “Razão Para Viver”) – Poema Atitude.

(***) William Douglas – Juiz Federal e Educador – O Valor das Pessoas e Empresas Face  a Crise Mundial – Dezembro 2008