domingo, 15 de dezembro de 2013

FRAQUEZAS DE LIDERANÇAS OU CUIDADOS PARA NÃO SER AGENTE DE DESMOTIVAÇÃO

Ao longo de minha vida profissional, no Brasil e no Exterior, seja como executivo, empresário ou consultor, enfrentando situações mais diversas que resultaram em algumas expressivas vitórias e alguns frustrantes fracassos (... sim, eles inevitavelmente acontecem) aprendi algumas verdades incontestáveis e entre elas destaca-se o fato que é o fator humano que faz a grande diferença.
É gente que faz acontecer!
Essa crença tem sido tema básico de diversos textos desse blog onde tento compartilhar algumas idéias de como liderar, motivar e gerir pessoas. O saber lidar com gente não se restringe ao ambiente dos negócios, vai muito além deles e afeta até as relações que mantemos com o mundo, aí envolvendo família, amigos, igrejas, só para limitar ao mais óbvio do alcance de nossas atitudes e ações.
O fundamento dessas idéias até aqui compartilhadas tem sido apontar os pontos fortes de liderança para motivar gente a dar o melhor de si para alcançar resultados e ser feliz no processo, mas de repente me dei conta da importância de meditar sobre o que não fazer para desmotivar pessoas e ter de enfrentar as conseqüências devastadoras da desmotivação.
Com essa preocupação encontrei texto de autoria de David Peck (*) recentemente publicado em seu blog onde, depois de escrever mais de 650 artigos sobre pontos fortes de lideranças, preocupado com as razões que lavam lideres a falharem e consciente de que um mundo melhor depende de lideres melhores, apontou o que ele entende como sendo os seus pontos fracos e os resumiu como segue onde acrescentei detalhes que me pareceram pertinentes:
1 – Distanciando-se dos liderados, sendo arrogante e prepotente. Fazendo isso o líder desagrega, subutiliza, cala seus melhores colaboradores e acaba por perdê-los. Além disso, a arrogância muitas vezes leva a exagerar nas promessas e minguar as entregas de resultados. Lição a ser aprendida: ser mais sincero, mais autêntico, humilde e, ainda que possa ser desconfortável, mais vulnerável.
2 – Liderando para agradar aos outros, para ser aceito, simpático, querido, amado. Esses líderes tendem a focar mais em pessoas do que em resultados. Lição a ser aprendida: focar na obtenção de resultados, comprometendo-se e liderando outros a se comprometerem com metas, tomando decisões difíceis e assumindo com coragem as questões de desempenho.
3 – Liderança ditatorial, perfeccionista e hipercrítica.  As coisas acontecem, mas o custo pode ser o esgotamento pessoal e da equipe, o estado de atrito permanente se estabelece. A conseqüência é a redução do potencial de retorno com o tempo. Lição a ser aprendida: ser mais cooperativo, gentil, confiante na equipe, aceitar pequenas falhas e a diversidade de pensamento, delegar mais deixando o time evoluir e entendendo que em muitas circunstâncias o bom já é suficiente.
4 – Não entregar resultados desejados em tempo hábil. Os melhores líderes necessitam guiar as pessoas certas para alcançar os melhores resultados projetadas dentro dos orçamentos definidos. Lição a ser aprendida: concentrar-se mais nas tarefas, processos, pessoas e resultados do que em outras coisas, principalmente quando as metas estão em risco.
5 - Liderando com incongruência e hipocrisia. Não fazer o que se diz, ou dizer uma coisa e fazer o contrário. Lição a ser aprendida: O exemplo vale muito mais do que as palavras, pratique as ações certas antes de mostrar o caminho. Seja autêntico e fiel a si mesmo e aos seus valores e atue coerente com eles no trato com sua equipe e o público com que interage.
6 – Tendência a ser complacente, parar de aprender, excesso de investimento no "status quo", esquivar-se e ficar inacessível com freqüência. Lição a ser aprendida: Compreenda que desafios e lutas fazem bem para o coração e a alma e não devem ser evitados. Descubra o que ama e que lhe motiva na vida profissional, seja um novo trabalho, uma nova carreira, um novo negócio ou pelo menos a certeza de que ficar parado não é suficiente.
7 – Otimismo exagerado sobre pessoas, estratégias ou táticas - Apoiar pessoas de baixo desempenho por muito tempo. Lição a ser aprendida: Reconhecer a realidade de como as coisas “são”, ao contrário de como “poderiam” ou “deveriam” ser. Entenda que “lealdade” a causas ou pessoas de baixo desempenho pode provocar divisões e prejudicar a organização como um todo.
8 – Pessimismo exagerado sobre pessoas, estratégias ou táticas – Tratá-las como se fossem objetos a serem manipulados ou descartados facilmente. Lição a ser aprendida: Ser paciente com pessoas, estratégias ou táticas que se empenham, mas que requerem algum tempo maior para consolidar. Ter consciência que decisões difíceis podem ser necessárias se depois de reconhecidos todos os potenciais e dadas todas as condições de trabalho os resultados não forem entregues. Mas, em qualquer situação, o respeito é fundamental.
9 – Limitação de inteligência emocional: Problemas em entender uma ampla gama de sentimentos e permitir que eles  conduzam a posicionamentos conflituosos sobre si mesmo e outros. Lição a ser aprendida: fazer introspecção para entender mais claramente e trabalhar suas emoções e sentimentos para alcançar melhor equilíbrio emocional. Isso pode resultar em uma pessoa melhor em todos os sentidos.
10 – Falta de clareza sobre o impacto em outras pessoas, limitando a habilidade de influenciar, adaptar-se à cultura e se posicionar na estrutura organizacional. Algo como não conseguir fazer parte do grupo ou criar barreiras à integração, desagregar o time e não conseguir os resultados esperados. Lição a ser aprendida: É fundamental compreender que seu impacto sobre os outros pode ser mais importante que a maioria de seu trabalho. Se auto avalie e se corrija em tempo real procurando feedback de colegas e outras pessoas. Procure saber como esta se saindo, qual é seu papel, o que é necessário para melhorar. Tenha consciência que depois de desmotivar seu pessoal tudo será mais difícil e o preço a ser pago pode ser muito alto.
A tese central de David Peck é que executivos e gerentes trabalham duro para serem eficazes, mas alguns querem mais: trabalhar com mais significado, alcançar seus objetivos e serem mais felizes com seus trabalhos ou simplesmente serem lideres melhores.
Autoconhecimento é a chave para ir além de ser eficaz. De fato a grande liderança, a que faz a diferença, não começa do lado de fora, mas com a pessoa que você é. As crenças conduzem a sentimentos, crenças e sentimentos conduzem a ações, e essas ações conduzem a seus resultados.
O autor conclui que enfrentar esses problemas, ou ajudar alguém a fazê-lo, pode realmente contribuir para fazer do mundo um lugar melhor.
Vale meditar sobre o tema!
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(*) David Peck, Presidente de Leadership Unleashed  empresa de coach de executives de grande reputação internacional e autor do livro “"Beyond Effective: Practices in Self-aware Leadership" (Trafford Publishing) e do blog “Recovering Leader”.