segunda-feira, 26 de março de 2012

MUDANÇAS E ORGANIZAÇÕES INFORMAIS

Para crescerem e sobreviverem num cenário onde a capacidade competitiva, seja em termos de custos, excelência na prestação de serviços, cuidados com a segurança do trabalho e meio ambiente, determina quem permanece e quem sai do jogo as empresas têm de se preparar para enfrentar mudanças, às vezes, radicais.

O papel dos recursos humanos assume fundamental importância nesse processo. As pessoas fazem as coisas acontecerem!
Em outro texto, ao comentarmos sobre as dificuldades motivacionais a serem vencidas pelos responsáveis nos processos de transformações que levam as pessoas a resistirem sair de suas zonas de conforto e a adotarem outro modo de pensar e agir, assumindo postura pro ativa, apontamos a possibilidade de sempre ser possível montar um time com colaboradores de diversos escalões hierárquicos capaz de se transformar no verdadeiro agente das mudanças.
Jack Welch em “Paixão por Vencer: as Respostas”, respondendo a consulta sobre globalização conclui que “por falar em pessoas, duas outras iniciativas o ajudarão no esforço de mudança, para que a empresa esteja à altura dos desafios do mercado sem fronteiras. Primeiro, passe a contratar apenas crentes convictos – pessoas que aceitem integralmente a necessidade da mudança e também façam seu apostolado. E, segundo, comece a descartar-se dos opositores, incapazes de esquecer os bons tempos, por mais que sejam convincentes os argumentos pela mudança. Sim, alguns desses indivíduos talvez apresentem desempenho satisfatório, mas deveriam estar trabalhando em outro lugar”.
Jon Katzenbach, em sua obra “Os verdadeiros lideres das mudanças”, resultado de extensiva pesquisa da  McKinsey & Company , conclui que o fator definitivo para as transformações de empresas que alcançaram níveis mais elevados de desempenho não foi a “alta gerência”, mas sim profissionais de nível médio, em posições intermediárias, que usando combinação de consistentes padrões de ações puderam inspirar e motivar a força de trabalho como um todo para implantar as mudanças que as colocaram em sintonia com as necessidades do mercado e possibilitaram seus crescimentos.
(A análise do perfil desses profissionais pode ser outro tema para meditação...)
Hoje há consenso entre empresas e estudiosos de que mudanças e transformações só serão possíveis a partir do entendimento do significado que elas têm para o elemento humano implicado no processo. Isso nos leva a meditar sobre o papel que as organizações informais, ou para ficar bem atual, as redes sociais informais, podem exercer ao longo da mudança.
Há uma corrente de administradores que pretende inibir e desestruturar as organizações informais, as “panelinhas”, mas a verdade é que essa é missão quase impossível.
Elas se constituem em três tipos: as redes estratégicas de informação que veicula os fatos que podem afetar a todos os seus membros; as redes de amizade e as redes de confiança onde os atores se dispõem a correr riscos abrindo mão do controle de resultados em consonância com os interesses de seu grupo.
Essas redes informais, que se consolidam com o tempo, podem se tornar o fator definitivo nas transformações ao qual Katzenbach se refere na obra citada. Elas podem somar para viabilizar as transformações ou para colocar obstáculos visando a manter o status quo.
Se é difícil inibir a ação dessas organizações cabe aos responsáveis pelo projeto de mudanças procurarem identificá-las mapeando seus canais de comunicação, seus influenciadores e suas motivações para comportamentos homogêneos, de modo a tentar atraí-las para o projeto ou neutralizá-las de vez.
Colocado dessa forma parece estarmos diante de questão simples e de fácil trato, mas na verdade como essas redes informais representam ferramentas invisíveis e poderosas nas organizações essas avaliações requerem muita sensibilidade política e técnicas apuradas que hoje, felizmente, constituem preocupação e objeto de estudos de destacados cientistas sociais e já se dispõe de trabalhos interessantes que podem trazer alguma luz ao tema.
O propósito deste blog é colocar alguns temas para meditação e os limites deste veículo de trocas de experiências não nos permitem alongar esse assunto que já tivemos oportunidade de vivenciar em outras ocasiões, mas os interessados têm a seu dispor alguns trabalhos que podem trazer mais luz a essas situações que bem compreendidas podem fazer a diferença em o sucesso e o fracasso dos processos de mudanças que nos envolvemos.
Vale pensar sobre isso.
Fontes: Jack & Suzy Welch – Paixão por vencer: As respostas;  Jon Katzenbach – Os verdadeiros lideres das mudanças e A sabedoria das equipes;  June Kuipers – Formal and informal networks in workplaces ; Antonio Bastos & Mariana Santos – Redes sociais informais e compartilhamento de significados sobre mudanças organizacionais.