O tema “Mudanças” será recorrente
nessa fase inicial desse blog por sua importância e sempre atualidade.
Muitos trabalhos abordam esse
assunto e analisam casos e mais casos de mudanças radicais que deram certo e
outras não. “Gurus” internacionais são profícuos nessas análises e fazem muito
sucesso com seus livros e conferências.
Mas por mais importante que seja,
por exemplo, conhecer como a Intel promoveu suas mudanças quando enfrentou as
crises da invasão das memórias japonesas e dos problemas com o pentium, na
nossa realidade local vale mais procurar entender, a partir dessas e de outras
experiências, as dificuldades que uma empresa familiar brasileira de médio
porte vai enfrentar para implementar as transformações que podem revigorá-la de
uma doença com prognóstico fatal.
Os principais obstáculos podem
ser resumidos em quatro barreiras: empresa atolada no “status quo”, recursos
limitados, colaboradores desmotivados e oposição de fortes interesses estabelecidos.
Vamos compartilhar nossa visão
desses pontos limitadores sem comentar, agora, os mecanismos para enfrentá-los
e superá-los. Vamos tentar fazê-lo em outras postagens.
A primeira e grande dificuldade é
fazer com que as pessoas concordem com as causas dos problemas atuais e com a
necessidade de mudanças. Para isso é necessário colocar os atores frente a
frente com os problemas operacionais para que não fujam da realidade. O mau
desempenho tem de se tornar algo evidente, testemunhado e não algo que se supõe
ou se ouve falar.
É essencial que essa realidade
seja conhecida e aceita para que as pessoas se convençam da necessidade das
mudanças e, mais, de que elas podem ser levadas adiante para se alcançarem
patamares maiores de desempenho.
A exposição da realidade também
tem a vantagem de não permitir que se alegue desconhecer os fatos e falhas
marcantes.
A segunda dificuldade é a
barreira de recursos limitados.
A empresa está em crise e entrou nela por
escolha inadequada de sócios ou parceiros, carência de visão crítica, falta de
planejamento, auto-suficiência e ambição desmedidas, má gestão, inconsistência
financeira. Conseqüência, crise de caixa!
Nesse ambiente, falta de recursos,
como financiar as mudanças? Reduzir as expectativas condenando a empresa à
mediocridade, ou mesmo à morte, ou correr atrás de banqueiros ou acionistas num
processo, de resultado duvidoso, que pode demorar e desfocar dos problemas
reais?
O desafio é promover as mudanças
e revitalização com os recursos disponíveis concentrando-os nas áreas com mais
necessidade de transformações e maior potencial de retorno.
Ufa! Põe desafio nisso... A luz
no fundo do túnel pode vir de criatividade, simplicidade, flexibilidade e foco!
A terceira dificuldade é a
barreira motivacional.
É da natureza do ser humano se
acomodar na área de conforto. Aqueles para quem o que era bom ontem continua
bom hoje e tomara não mude amanhã se tornarão, em breve, dinossauros modernos
com destino à extinção.
A palavra tradição, em negócios,
pode embutir preocupante padrão cultural contrário a qualquer mudança.
Administradores
e pessoas de áreas de baixo desempenho, quando confrontados com essa
necessidade , acreditam que estão prestes a receber aviso prévio e se
posicionam na defensiva ficando avessos a todas as transformações.
Isso pode ser problema sério e, em casos extremos
onde se configure a liderança negativa, o tratamento de choque acaba sendo
necessário.
De qualquer forma sempre será
possível montar um time com pessoal de vários escalões hierárquicos que abrace
as idéias da transformação e se constitua em influenciador tornando-se o
verdadeiro agente das mudanças.
Mas esse é outro “Tema para
Meditação”...
O quarto obstáculo é a política
organizacional que é uma realidade inevitável em qualquer instituição.
É preciso ter sensibilidade para
compreender a trama, intriga e política envolvidas nas tentativas de resistir
às mudanças. Quanto mais essas avançam mais os influenciadores negativos
lutarão para manter suas posições.
A pior resistência às mudanças é
a passiva que não se expõe publicamente, mas atua com subterfúgios para manter
o “status quo”. Não se manifesta contrária a nada, mas se mantém firme nas
velhas práticas.
Fundamental identificar de pronto
essas lideranças trabalhando para superar essa oposição atraindo-a para o
projeto ou, na impossibilidade, neutralizando-a de vez.
Finalizando, estou certo de que
quem esta familiarizado com processos de mudanças, com certeza, já vivenciou
essas situações e, se as enfrentou com Atitude
e Coragem, pôde superar essas
dificuldades e certamente conseguiu reativar a estrutura crescendo junto no
processo.
Vale a
pena meditar sobre isso.
Fontes: Andy Grove (Intel)- Só os
paranóicos sobrevivem; W.Chan Kim & Reneé Mouborgue – Tipping Point
Leadership (HBR Apr2003) e A estratégia do Oceano Azul; Ram Charam- Execution -
The Discipline of Getting Things Done (HBR Apr2001); Laerte Leite Coelho- É
Preciso Mudar.
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