segunda-feira, 12 de março de 2012

DIFICULDADES NAS IMPLEMENTAÇÕES DE MUDANÇAS


O tema “Mudanças” será recorrente nessa fase inicial desse blog por sua importância e sempre atualidade.
Muitos trabalhos abordam esse assunto e analisam casos e mais casos de mudanças radicais que deram certo e outras não. “Gurus” internacionais são profícuos nessas análises e fazem muito sucesso com seus livros e conferências.
Mas por mais importante que seja, por exemplo, conhecer como a Intel promoveu suas mudanças quando enfrentou as crises da invasão das memórias japonesas e dos problemas com o pentium, na nossa realidade local vale mais procurar entender, a partir dessas e de outras experiências, as dificuldades que uma empresa familiar brasileira de médio porte vai enfrentar para implementar as transformações que podem revigorá-la de uma doença com prognóstico fatal.
Os principais obstáculos podem ser resumidos em quatro barreiras: empresa atolada no “status quo”, recursos limitados, colaboradores desmotivados e oposição de fortes interesses estabelecidos.
Vamos compartilhar nossa visão desses pontos limitadores sem comentar, agora, os mecanismos para enfrentá-los e superá-los. Vamos tentar fazê-lo em outras postagens.
A primeira e grande dificuldade é fazer com que as pessoas concordem com as causas dos problemas atuais e com a necessidade de mudanças. Para isso é necessário colocar os atores frente a frente com os problemas operacionais para que não fujam da realidade. O mau desempenho tem de se tornar algo evidente, testemunhado e não algo que se supõe ou se ouve falar.
É essencial que essa realidade seja conhecida e aceita para que as pessoas se convençam da necessidade das mudanças e, mais, de que elas podem ser levadas adiante para se alcançarem patamares maiores de desempenho.
A exposição da realidade também tem a vantagem de não permitir que se alegue desconhecer os fatos e falhas marcantes.
A segunda dificuldade é a barreira de recursos limitados.
 A empresa está em crise e entrou nela por escolha inadequada de sócios ou parceiros, carência de visão crítica, falta de planejamento, auto-suficiência e ambição desmedidas, má gestão, inconsistência financeira. Conseqüência, crise de caixa!
Nesse ambiente, falta de recursos, como financiar as mudanças? Reduzir as expectativas condenando a empresa à mediocridade, ou mesmo à morte, ou correr atrás de banqueiros ou acionistas num processo, de resultado duvidoso, que pode demorar e desfocar dos problemas reais?
O desafio é promover as mudanças e revitalização com os recursos disponíveis concentrando-os nas áreas com mais necessidade de transformações e maior potencial de retorno.
Ufa! Põe desafio nisso... A luz no fundo do túnel pode vir de criatividade, simplicidade, flexibilidade e foco!
A terceira dificuldade é a barreira motivacional.
É da natureza do ser humano se acomodar na área de conforto. Aqueles para quem o que era bom ontem continua bom hoje e tomara não mude amanhã se tornarão, em breve, dinossauros modernos com destino à extinção.
A palavra tradição, em negócios, pode embutir preocupante padrão cultural contrário a qualquer mudança.
Administradores e pessoas de áreas de baixo desempenho, quando confrontados com essa necessidade , acreditam que estão prestes a receber aviso prévio e se posicionam na defensiva ficando avessos a todas as transformações.
 Isso pode ser problema sério e, em casos extremos onde se configure a liderança negativa, o tratamento de choque acaba sendo necessário.
De qualquer forma sempre será possível montar um time com pessoal de vários escalões hierárquicos que abrace as idéias da transformação e se constitua em influenciador tornando-se o verdadeiro agente das mudanças.
Mas esse é outro “Tema para Meditação”...
O quarto obstáculo é a política organizacional que é uma realidade inevitável em qualquer instituição.
É preciso ter sensibilidade para compreender a trama, intriga e política envolvidas nas tentativas de resistir às mudanças. Quanto mais essas avançam mais os influenciadores negativos lutarão para manter suas posições.
A pior resistência às mudanças é a passiva que não se expõe publicamente, mas atua com subterfúgios para manter o “status quo”. Não se manifesta contrária a nada, mas se mantém firme nas velhas práticas.
Fundamental identificar de pronto essas lideranças trabalhando para superar essa oposição atraindo-a para o projeto ou, na impossibilidade, neutralizando-a de vez.
Finalizando, estou certo de que quem esta familiarizado com processos de mudanças, com certeza, já vivenciou essas situações e, se as enfrentou com Atitude e Coragem, pôde superar essas dificuldades e certamente conseguiu reativar a estrutura crescendo junto no processo.
Vale a pena meditar sobre isso.

Fontes: Andy Grove (Intel)- Só os paranóicos sobrevivem; W.Chan Kim & Reneé Mouborgue – Tipping Point Leadership (HBR Apr2003) e A estratégia do Oceano Azul; Ram Charam- Execution - The Discipline of Getting Things Done (HBR Apr2001); Laerte Leite Coelho- É Preciso Mudar.

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