quinta-feira, 8 de agosto de 2013

O PERFIL DO TRABALHADOR DE ALTO DESEMPENHO

A imprensa especializada e a literatura de negócios têm sido pródigas na apresentação de cenários e tendências, macro e micro, que apontam para aumento da volatilidade e complexidade no ambiente de negócios num momento da baixa atividade econômica que se estabeleceu a partir da crise financeira global.

Essa verdade, consensual, amplifica os desafios enfrentados por empresários e executivos que buscam aumentar faturamento e resultados e diversos estudos indicam que as organizações que lograram alcançar os melhores índices foram aquelas que puderam obter melhor produtividade de seus recursos humanos.

CEB, prestigiosa empresa de consultoria com sede em Arlington, VA, publicou em dezembro do ano passado no seu anual “Executive Guidance 2013” o resultado de pesquisa que realizou entrevistando mais de 23 mil empregados em 40 organizações globais onde procurou identificar as características de colaboradores de alto desempenho que podem e fazem diferença em situações de alta volatilidade.

Tudo que veiculou baseia-se na realidade das grandes corporações globais, mas como os resultados identificados aplicam-se também às nossas escalas quero compartilhar aqui os pontos principais dessa pesquisa onde, baseada em opinião de 1.500 altos executivos contidos na amostra analisada, CEB identificou 10 tendências que se enquadram em 3 categorias mais abrangentes:

·         Mudanças Econômicas e Organizacionais:
- freqüentes mudanças organizacionais;
- grandes incertezas financeiras;
- downsizing organizacional.

As ambigüidades, mudanças econômicas, alterações em legislações, práticas regulatórias e rápidos desenvolvimentos tecnológicos provocam alterações nos objetivos estratégicos, alteram as estruturas organizacionais, modificam processos e composições das equipes e a conseqüência é o decréscimo da produtividade da força de trabalho a menos que os gestores ajudem os funcionários a se anteciparem aceitando e se enquadrando nas mudanças.

·         Trabalho mais independente:
- funções intercambiáveis e grupos de trabalho interdepartamentais;
- relações matriciais;
- trabalho disperso geograficamente;
- trabalho em equipe.

As organizações tornaram-se mais matriciais com funcionários compartilhando mais autoridade e responsabilidades formais o que exige mais colaboração que só ocorrerá se as empresas permitirem e incentivarem as redes informais e contatos pessoais fornecendo direção clara, propiciando incentivos para o trabalho integrado e disponibilizando a melhor tecnologia possível.

·         Aumento de trabalho de conhecimento:
- novas tecnologias de informação;
- trabalho não rotineiro;
- maior disponibilidade de informações.

O crescimento exponencial do poder de computação, a proliferação de suas aplicações em negócios, a automação de processos, entre outros, implicaram em profundas transformações nos métodos de trabalho. O uso intensivo de informações passou a ser a regra e a capacidade de coletá-las, interpretá-las e decidir a partir delas passou a ser crucial. Essa é a característica do trabalhador do conhecimento e essas habilidades que são mais comuns nos níveis superiores não são muito disseminadas em níveis médios e inferiores onde também não deixam de ser cada vez mais necessárias.

Essas macro tendências amplificam os impactos na forma como a estrutura do trabalho é administrada e apontam para realidades que afetam o desempenho dos trabalhadores. Que perfil e que habilidades serão requeridas desses trabalhadores do conhecimento que devem ser imunes aos efeitos paralisantes das mudanças rápidas e profundas; que devem ter capacidade de lidar e analisar informações diversas e esparsas tomando decisões certas e eficazes em todos os níveis das organizações?

O estudo em análise indica as seguintes características desses profissionais de alto desempenho:

1.    Capacidade de priorizar;
2.    Trabalho em equipe;
3.    Consciência organizacional;
4.    Habilidade para resolução de problemas;
5.    Autoconhecimento;
6.    Pro atividade;
7.    Capacidade de influenciar;
8.    Capacidade de tomada de decisão;
9.    Agilidade de aprendizado;
10.  Conhecimentos técnicos.

Essas características darão a essas pessoas de desempenho superior capacidade de se adaptarem rapidamente às mudanças usando proativamente seus conhecimentos para identificarem prioridades e agirem para levarem adiante seus projetos. Darão também condições de trabalharem colaborando e influenciando outros membros da equipe espalhados pela estrutura e até dispersos geograficamente de modo que a organização como um todo seja mais eficaz.

Muito bem, mas que realidade CEB encontrou em sua abrangente pesquisa?

Embora muitos trabalhadores dominem processos, tecnologias e ferramentas em seus trabalhos, poucos têm a necessária habilidade de análise e expertise para usá-las e tomar decisões eficazes (se essa é a realidade no universo que pesquisaram, imaginem na nossa...). Capacidades de análise, julgamento e tomada de decisão não são encontradas prontas no mercado, mas podem ser aprendidas com tempo e desenvolvidas com experiência, maturidade e vivência de negócios. Habilidade de trabalhar em equipe e influenciar outras pessoas também pode ser desenvolvida na prática pela interação de trabalho em grupo sob orientação de pessoal mais experiente.

Todos, gestores e colaboradores, precisam adquirir visão mais ampla do negócio que transcenda aos objetivos e metas individuais e alcancem o desempenho da organização como um todo, isso significa se superar cumprindo suas metas e contribuindo significativamente para que outros cumpram as suas. A conseqüência é o aumento de receitas e resultados.

Bem óbvio e fácil, não é? Vai fazer...

Convenhamos, não é nada fácil, mas pode ser feito. Há sempre a opção de encontrar no mercado gente com essas características, mas isso leva tempo, tem limitações de escala e não é simples substituir a experiência, então o treinamento “on-the-job” é um bom projeto a se implantar. Sem entrar em detalhes de números, cumpre registrar que CEB, com base em estatísticas levantadas em seu estudo, demonstra que quanto maior a percentagem de colaboradores envolvidos em programas de desempenho corporativo maior é o aumento de resultados no todo. O propósito desses programas é treinar para conseguir o máximo de desempenho individual e o máximo de colaboração para atingir os objetivos corporativos.

As pesquisas indicaram que as organizações que lograram aumentar faturamento e resultados foram aquelas que puderam treinar e habilitar seus funcionários a focarem mais nos objetivos globais do que em processos e divulgarem essa visão. Conseguiram também capacitar seus colaboradores a tomarem decisões e gerenciarem seu trabalho com mais autonomia a partir de objetivos compreendidos de forma mais clara por acesso a mais informações e recursos para projetos chave. Tiveram, ainda, sucesso em conectar seus colaboradores às fontes de informação ao invés de simplesmente fornecer a informação e estabelecer a prática irrestrita da colaboração com intensa troca de idéias, tudo focado em um número limitado de projetos coerentes com os objetivos da organização, seus prazos e expectativas.

A conclusão de tudo isso é que quem faz a diferença é gente! E a verdade é que sempre foi assim, mas agora com a prevalência de mudanças rápidas, abrangentes, constantes e inevitáveis, com a realidade do trabalhador do conhecimento e globalização as empresas de qualquer tamanho, segmento ou localização têm de entender essa realidade do trabalho e se adaptarem a ela.

Vele meditar sobre o tema.
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Fonte: CEB – Executive Guidance for 2013- www.executiveboard.com

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