terça-feira, 8 de maio de 2012

QUALIDADES DAS LIDERANÇAS

O tema qualidades das lideranças tem sido amplamente estudado, mas é sempre bom conhecer as diferentes abordagens.

Em sua edição de janeiro de 2007 Harvard Business Review apresentou resultado de pesquisa realizada com diversos lideres de diferentes setores, nacionalidades e níveis gerenciais procurando identificar o que eles entendiam ser a mais importante qualidade de liderança e em que contexto a haviam identificado.
Esse trabalho contém informações interessantes que permitem traçar um perfil de quais seriam essas qualidades nas situações indicadas. Vejamos:

1. - Humildade
Olli-Pekka Kallasvuo, presidente e CEO da Nokia, na Finlândia, entre 2006 e 2010, em seu depoimento indica a humildade como qualidade vital em um líder bem como para empresas.
Defendia a tese que, para continuar a prosperar, Nokia devia exercitar a humildade de modo a entender o que o mercado queria procurando ideias do lado de fora. No âmbito pessoal, à medida que assumia novas responsabilidades percebeu que não era mais só um profissional fazendo o próprio trabalho, mas que tinha de exercer a gerência de tal forma que as outras pessoas fizessem as coisas acontecer e não ele com toda a carga de humildade que isso exigia.

2. - Energia
Gary Jackson presidente da Blackwater USA, com sede na Carolina do Norte, que se notabilizou por suas ações no Iraque e Afeganistão prestando serviços de treinamento e segurança para as forças armadas americanas, indica a energia como característica especial da liderança.
Gary um ex NAVY SEAL prestava serviços de treinamento para a marinha americana quando o destroyer USS Cole foi bombardeado. Ele tinha na ocasião 30 empregados e aceitou o desafio de treinar 20.000 marinheiros.
Poucos meses após veio o 11 de setembro e seu negócio multiplicou muitas vezes. Nesse crescimento tentou extrair o máximo da cultura militar com uma premissa básica: optar por uma solução 80% satisfatória que pode ser executada de imediato que uma 100% satisfatória que requer três semanas para ser feita. Hoje tem 7mil funcionários trabalhando nos locais mais perigosos de mundo.
3. – Intuição
Franz Humer, presidente e CEO da Roche, indústria farmacêutica com sede na Suíça, indica a intuição como a característica fundamental da liderança.

Num negócio de vários bilhões, com muitas transações de licenciamento, parcerias de desenvolvimento de negócios, alianças de produtos e fusões, comenta que independente de formar e trabalhar com equipes super competentes, grandes e difíceis decisões são atos isolados que nem sempre podem ser compartilhados com os colaboradores.
Líderes têm de agir sozinhos e muitas vezes com menos informações que necessário. Então, como fazer os julgamentos corretos? Conclui ser questão de ser hiperconsciente de seu ambiente de trabalho e aprender a sentir a vibração na sala, especialmente em clima de negociação.

Nessas ocasiões procura estar completamente envolvido com todas as emoções concentradas em “receber” os sinais de como as pessoas estão reagindo, se comportando. Nessa sintonia poderá ser sensível a qualquer pequena mudança que os outros nem chegam perceber e intuir os desdobramentos. Isso faz a grande diferença.
4. - Visão
Arthur Gensler fundador da Gensler , empresa global de arquitetura, design, planejamento e consultoria aponta a visão como fator vital.
 Jovem arquiteto, por puro acaso, se envolveu em projeto de arrendamento de escritórios que envolvia encontros com potenciais locadores de um prédio de escritórios e elaboração de plano de ocupação desses espaços.
Na época, princípio da década de 60, essa atividade era considerada “indigna” para um arquiteto, mas logo veio a se tornar negócio que movimenta bilhões de dólares e de grande prestígio conhecido como “planejamento de espaço”. Com U$200 de economia lançou-se nesse nicho de mercado e construiu empresa de grande porte e destaque evoluindo para oferecer, além do planejamento de escritórios, serviços de arquitetura, consultoria, estratégia de marcas, design de produtos, planejamento geral e design de interiores. Pioneiro em distribuição de resultados, nessa atividade, tem presença em vários países.

5. - Perspectiva
Sergey Petrov fundador e proprietário único da Rolf Group, maior importadora e distribuidora de carros estrangeiros na Rússia, com valor de marcado de U$2,4 bi, indica a perspectiva como característica dominante.

Major do exército aos 26 anos analisando a evolução do Movimento Solidariedade na Polônia percebeu que o mesmo poderia ocorrer na Rússia e com um grupo de amigos começou a estudar economia de mercado e as democracias do Ocidente. Embora fosse um beneficiário do sistema por sua posição no exército iniciou processo de reposicionamento que o levou a ser convocado pela KGB para se explicar algumas vezes.
Essa experiência lhe fez entender que a maioria das pessoas não consegue enxergar o sistema do qual fazem parte pelo que ele é, e isso talvez seja um desafio para o líder. A mesma falta de perspectiva não permite muitas vezes que as pessoas vejam como sua própria mentalidade é um fator limitante.

Várias vezes durante o desenvolvimento do Rolf Group teve de substituir seus colaborados estratégicos por pessoal vindo do exterior, com toda a dificuldade que isso representava, para poder se antecipar aos problemas e agir antes que seu negócio entrasse em declínio.
Trabalhando com essa perspectiva construiu um negócio de bilhões de dólares.

6. - Paixão
Alan Klapmeier cofundador da Cirrus Design, fábrica de aeronaves com sede em Minnesota indica a paixão como a característica determinante da liderança.

A Cirrus é reconhecida como indústria líder na fabricação de aeronaves pessoais que proporcionam níveis sem precedentes de performance, novas tecnologias, qualidade e segurança.
Apaixonado por aviação ressalta que é preciso ter paixão para fazer alguma coisa que mude a indústria – e não somente porque há muitos céticos. É necessário paixão para ultrapassar todos os obstáculos, para insistir nos projetos quando os erros aparecem e não abandonar suas ideias nas primeiras dificuldades.

Com esse enfoque levou a Cirrus à posição de destaque que desfruta em sua área de atuação.

7. - Convicção
Alexander B. Cummings presidente e diretor de operações da Coca-Cola na Africa com sede em Windsor, UK, aponta a convicção com fator decisivo na liderança.

Isso baseado em sua experiência num cenário de alta taxa inflacionária e desvalorização monetária em que a Coca-Cola mantinha há vários anos seus preços congelados para aproveitar o momentum de crescimento de participação no mercado em política que sacrificava drasticamente seus principais parceiros, os engarrafadores.
Preocupado com toda a cadeia aumentou os preços e levou a empresa à vigorosa perda de participação no mercado ainda que a concorrência tenha acompanhado o aumento de preços.

A partir daí teve de resistir à imensa pressão do comando da empresa para reverter sua posição. Convicto do acerto de sua decisão foi em frente e depois de alguns meses retomou o crescimento e recolocou a Coca-Cola na liderança de mercado com participação crescente.

8. – Aprendizado
Duleep Aluwihare sócio diretor da empresa de contabilidade Ernest & Young, em Varsóvia, Polônia indica o aprendizado constante como fator determinante da liderança.

O aprendizado a que ele se refere tem a ver com sua experiência na implantação da Arthur Anderson na Polônia, a partir do zero, para em poucos anos experimentar crescimento muito maior que seus concorrentes.
Foi dominado pelo sucesso e acreditou ser infalível até enfrentar grandes problemas e encarar fortes críticas de seus mentores e comando da empresa. Esses reveses o levaram a acompanhar suas equipes e ficar junto aos clientes num verdadeiro processo de aprendizado antes impensável.

Essa mudança de atitude foi fundamental para, após a queda da Arthur Andersen, transferir-se com a maioria de sua equipe e clientes para a Ernest & Young no processo de fusão das duas empresas de consultoria.
Fontes: HBR Setembro 2007; HBR Compacta.

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